da Folha Online
Leia a seguir o capítulo e introdução do último livro de uma série de cinco (cada um abrangendo duas décadas) sobre a história do Brasil no século 20: "A História do Brasil no Século 20: 1980-2000", assinado por Oscar Pilagallo.
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Livro faz um olhar retrospectivo sobre 20 anos da história do Brasil |
Da campanha das diretas à eleição de Lula à Presidência em 2002, passando pela morte de Tancredo, o impeachment de Collor (primeiro presidente eleito no país pelo voto direto) e o plano Real, a obra da série "Folha Explica" dá um panorama geral do desenvolvimento do país nas últimas duas décadas, no tortuoso caminho em busca da democracia.
Oscar Pilagallo é jornalista, editor da série "Cadernos EntreLivros", colaborador da Folha e "Valor Econômico", e autor de "A história do Brasil no Século 20", "O Brasil em Sobressalto" e "A Aventura do Dinheiro".
Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.
"Folha Explica A História do Brasil no Século 20: 1980-2000"
Autor: Oscar Pilagallo
Editora: Publifolha
Páginas: 112
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha
Confira a introdução do "Folha Explica A História do Brasil no Século 20: 1980-2000":
As duas últimas décadas do século 20 foram marcadas pelo retorno à democracia. Jornais da época se referiam às vezes a uma "volta à normalidade democrática". É uma expressão inadequada: em vez de descrever o processo político, idealiza o passado. Uma rápida olhada na história da República mostra por quê. O regime, depois de estrear com uma seqüência de governos oligárquicos sem representatividade que se revezaram no poder por 40 anos, experimentou duas ditaduras (a getulista e a militar) que somadas consumiram mais três décadas e, nos intervalos democráticos, enfrentou seguidas ameaças à ordem institucional. Não havia, portanto, uma tradição propriamente democrática à qual se pudesse retornar.
Nos anos 80 e 90 --o escopo deste livro-- o Brasil conquista a democracia, consolidando-a, aparentemente, como única forma aceitável de governo. Apesar das turbulências, que incluem um inédito processo de impeachment, o país chega ao século 21 vivendo o mais longo período sob regras democráticas (deixada de lado a República Velha, por não atender ao requisito contemporâneo de um eleitorado que refletisse a composição da sociedade). Se não é tudo o que se poderia desejar, também não é pouco. A democracia formal pode não ter resultado numa política consistente de inclusão social, mas esse passo em suspenso não apaga as pegadas do caminho trilhado.
O primeiro capítulo tratará dos estertores do regime militar. Em 1984, após jejum prolongado, a sociedade civil volta a ter papel de protagonista no jogo político ao lotar praças públicas durante a campanha das diretas-já. Embora a emenda constitucional com a proposta de eleição direta para presidente tenha sido derrotada no Congresso, a pressão popular influencia no processo sucessório. Ao cabo de articulações em que pesou o capital político obtido nas ruas, Tancredo Neves, candidato civil e de oposição, é eleito indiretamente, pondo fim a mais de duas décadas de ditadura militar.
Com a morte de Tancredo, José Sarney assume e logo se vê às voltas com o problema da inflação crônica. O Plano Cruzado, abordado no capítulo 2, parece solução fácil demais. Com congelamento de preços e aumento de salários, a inflação despenca e o consumo explode. A festa dura pouco, logo vem a crise de abastecimento. De olho nas eleições de 1986, o governo estica a vigência do plano, que afunda após as urnas serem abertas. A inflação volta com mais força. A rejeição ao governo ajuda a eleger o presidente seguinte.
Fernando Collor, personagem do terceiro capítulo, derrota Luiz Inácio Lula da Silva com um discurso liberal e moralizante. No início dos anos 90, o Plano Collor confisca a poupança da população e nem assim consegue debelar a inflação, que segue como inimigo número um do país no campo econômico. Sem êxito e sem uma base de sustentação parlamentar, o presidente vê-se isolado quando denúncias de corrupção recaem sobre o governo. O Collorgate termina com a abertura do processo de impeachment que afasta o presidente na metade do mandato.
Itamar Franco, o vice, toma posse com o mesmo objetivo de seus antecessores: domar a inflação. Depois de um começo hesitante, coloca Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. FHC reúne a equipe que trabalhara no Cruzado e que, tendo aprendido com os erros, põe de pé o Plano Real, em 1994. O sucesso imediato do programa de estabilização, analisado no capítulo 4, garante sua eleição para presidente.
O último capítulo é dedicado ao governo FHC. Muito foi feito --e muito não foi feito. De um lado, FHC garantiu a manutenção do Plano Real e executou um programa de privatização que enxugou o Estado. De outro, relutou em corrigir o rumo do plano, tornando a economia vulnerável à crise mundial do final da década e refém de uma política de juros elevadíssimos.
Um olhar retrospectivo sobre esses 20 anos, porém, não dá margem a dúvida: o saldo é positivo.
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