domingo, 10 de fevereiro de 2008

Livro conta história do Brasil entre 1980 e 2000; leia capítulo (Oscar Pilagallo)

28/12/2006 - 18h33

da Folha Online

Leia a seguir o capítulo e introdução do último livro de uma série de cinco (cada um abrangendo duas décadas) sobre a história do Brasil no século 20: "A História do Brasil no Século 20: 1980-2000", assinado por Oscar Pilagallo.

Divulgação
Livro faz um olhar retrospectivo sobre 20 anos da história do Brasil
Livro faz um olhar retrospectivo sobre 20 anos da história do Brasil

Da campanha das diretas à eleição de Lula à Presidência em 2002, passando pela morte de Tancredo, o impeachment de Collor (primeiro presidente eleito no país pelo voto direto) e o plano Real, a obra da série "Folha Explica" dá um panorama geral do desenvolvimento do país nas últimas duas décadas, no tortuoso caminho em busca da democracia.

Oscar Pilagallo é jornalista, editor da série "Cadernos EntreLivros", colaborador da Folha e "Valor Econômico", e autor de "A história do Brasil no Século 20", "O Brasil em Sobressalto" e "A Aventura do Dinheiro".

Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.

"Folha Explica A História do Brasil no Século 20: 1980-2000"
Autor: Oscar Pilagallo
Editora: Publifolha
Páginas: 112
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha

Confira a introdução do "Folha Explica A História do Brasil no Século 20: 1980-2000":

As duas últimas décadas do século 20 foram marcadas pelo retorno à democracia. Jornais da época se referiam às vezes a uma "volta à normalidade democrática". É uma expressão inadequada: em vez de descrever o processo político, idealiza o passado. Uma rápida olhada na história da República mostra por quê. O regime, depois de estrear com uma seqüência de governos oligárquicos sem representatividade que se revezaram no poder por 40 anos, experimentou duas ditaduras (a getulista e a militar) que somadas consumiram mais três décadas e, nos intervalos democráticos, enfrentou seguidas ameaças à ordem institucional. Não havia, portanto, uma tradição propriamente democrática à qual se pudesse retornar.

Nos anos 80 e 90 --o escopo deste livro-- o Brasil conquista a democracia, consolidando-a, aparentemente, como única forma aceitável de governo. Apesar das turbulências, que incluem um inédito processo de impeachment, o país chega ao século 21 vivendo o mais longo período sob regras democráticas (deixada de lado a República Velha, por não atender ao requisito contemporâneo de um eleitorado que refletisse a composição da sociedade). Se não é tudo o que se poderia desejar, também não é pouco. A democracia formal pode não ter resultado numa política consistente de inclusão social, mas esse passo em suspenso não apaga as pegadas do caminho trilhado.

O primeiro capítulo tratará dos estertores do regime militar. Em 1984, após jejum prolongado, a sociedade civil volta a ter papel de protagonista no jogo político ao lotar praças públicas durante a campanha das diretas-já. Embora a emenda constitucional com a proposta de eleição direta para presidente tenha sido derrotada no Congresso, a pressão popular influencia no processo sucessório. Ao cabo de articulações em que pesou o capital político obtido nas ruas, Tancredo Neves, candidato civil e de oposição, é eleito indiretamente, pondo fim a mais de duas décadas de ditadura militar.

Com a morte de Tancredo, José Sarney assume e logo se vê às voltas com o problema da inflação crônica. O Plano Cruzado, abordado no capítulo 2, parece solução fácil demais. Com congelamento de preços e aumento de salários, a inflação despenca e o consumo explode. A festa dura pouco, logo vem a crise de abastecimento. De olho nas eleições de 1986, o governo estica a vigência do plano, que afunda após as urnas serem abertas. A inflação volta com mais força. A rejeição ao governo ajuda a eleger o presidente seguinte.

Fernando Collor, personagem do terceiro capítulo, derrota Luiz Inácio Lula da Silva com um discurso liberal e moralizante. No início dos anos 90, o Plano Collor confisca a poupança da população e nem assim consegue debelar a inflação, que segue como inimigo número um do país no campo econômico. Sem êxito e sem uma base de sustentação parlamentar, o presidente vê-se isolado quando denúncias de corrupção recaem sobre o governo. O Collorgate termina com a abertura do processo de impeachment que afasta o presidente na metade do mandato.

Itamar Franco, o vice, toma posse com o mesmo objetivo de seus antecessores: domar a inflação. Depois de um começo hesitante, coloca Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. FHC reúne a equipe que trabalhara no Cruzado e que, tendo aprendido com os erros, põe de pé o Plano Real, em 1994. O sucesso imediato do programa de estabilização, analisado no capítulo 4, garante sua eleição para presidente.

O último capítulo é dedicado ao governo FHC. Muito foi feito --e muito não foi feito. De um lado, FHC garantiu a manutenção do Plano Real e executou um programa de privatização que enxugou o Estado. De outro, relutou em corrigir o rumo do plano, tornando a economia vulnerável à crise mundial do final da década e refém de uma política de juros elevadíssimos.

Um olhar retrospectivo sobre esses 20 anos, porém, não dá margem a dúvida: o saldo é positivo.

Leia mais